(em conversa com Ricardo Escudeiro)
Nas vozes angelicais
ou nas gargalhadas de enxofre,
todas as doze notas
se encontram em rigorosa
correspondência.
O diabo em música
altera apenas
os intervalos.
Seu ludíbrio consiste
em descartar o que não é
inteiro.
A inteireza de três tons
parece desafinar
o mundo todo.
Soa como ruído.
Vida proscrita dos cantos
litúrgicos.
O corpo espera sôfrego
a resolução e repete,
com o ouvido:
trítonos são os intervalos
do delírio.
Escrito a partir do poema “quinta diminuta”, publicado em fevereiro deste ano na Mallarmagens — Revista de Poesia e Arte Contemporânea, numa série de três poemas de Ricardo Escudeiro. Faço dele ainda um primeiro chamamento para meu livro Trítonos — intervalos do delírio (Editora Patuá), a ser lançado em breve.
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